quinta-feira, 8 de outubro de 2009

mosca

a mosca que personifico
rói entranhas podres
de passado recente
ao som sinfônico que
minuciosamente imagino.

o gosto me vem o mesmo
gelando meus poros internos.
temo ser essa minha cadeia
tracejada pelo meu deus.

cuspir entranhas embranquecidas
de face uniforme é meu desejo
mas o amor nem sempre
é expulso quando se quer.

domingo, 4 de outubro de 2009

poema da mulher de agosto

quis fazer de nós um só,
fazer de ti meu oceano

desaguar meu desejo, desfazer meus enganos.
tu, sempre foi meu deus e
manti-me devota às tuas oferendas.

retribuiu-me assim quieto e frio
e perdi meu chão.

se me atirei em teus braços não foi em vão
sã me manti muitas vezes pra cuidar de ti,

espelho dos meus filhos
água que sonhava me afogar.

quanto descaso ao encanto que busquei!
suas mulheres têm a mesma glória?

logo agora me abandonaste
na idade fria de agosto quente e
com um rio de mágoas.